quarta-feira, 28 de setembro de 2011





 A Escala

toda forma que vês 
tem seu arquétipo 
no mundo sem-lugar.

se a forma esvaece, 
não importa;
permanece o original.

as belas figuras que viste, 
as sábias palavras que escutaste...
não te entristeças se pereceram.

enquanto a fonte é abundante, 
o rio dá água sem cessar.
por que te lamentas 
se nenhum dos dois se detém?

a alma é a fonte 
e as coisas criadas os rios.

enquanto a fonte jorra, correm os rios.
tira da cabeça todo o pesar 
e sorve aos borbotões a água deste rio
que a água não seca, ela não tem fim.

desde que chegaste ao mundo do ser
uma escada foi posta diante de ti
para que escapasses.

primeiro, foste mineral; 
depois, te tornaste planta,
e mais tarde animal.
como pode ser isto segredo para ti?

finalmente foste feito homem, 
com conhecimento, razão e fé.
contempla teu corpo – um punhado de pó –
vê quão perfeito se tornou!

quando tiveres cumprido tua jornada,
decerto ás de regressar como anjo.
depois disso, terás terminado de vez com a terra
e tua estação há de ser o céu.


passa de novo pela vida evangelical, 
entra naquele oceano, 
e que tua gota se torna mar,
cem vezes maior que o mar de oman.

abandono este filho que chamas corpo
e diz sempre “Um” com toda a alma. 
se teu corpo envelhece, que importa? 
ainda é fresca tua alma.





Jalal ad-Din Muhammad Rumi


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