domingo, 29 de janeiro de 2012







TÁ LIMPO!


File:Santiagopaulos-androginia.jpg


na fila do mercado, ela me vira e diz assim: 'o que eu não gosto mesmo é de me sentir uma mulherzinha.'e eu, super atencioso, lasquei: ' e quais são as situações que te fazem sentir-se uma mulherzinha?' ela: 'sei lá... lavar panela com resto de comida, lavar banheiro, lavar cueca, passar pano e essas coisas assim...' pensei com meus botões: 'ai, meu pai. sou a porra de uma mulherzinha!' o choque foi ligeiro e me senti muito a vontade pra dizer à ela enquanto a caixa já passava o creme de leite: 'e quando eu me meto pelas suas pernas lá na cama e aperto seu peito e abro as banda da sua bunda e dou linguadas lá dentro? você gosta de se sentir mulherzinha?'
ela fechou a cara e me socou o ombro.a caixa só recebeu. fez que não ouviu.







terça-feira, 24 de janeiro de 2012




REPÚDIO 








eaê seu geraldo?
são esses cães fardados
que serão designados
a trazer ordem e segurança
para esse seu estado?

e esse seu estado
mental?
como pode achar normal
usar força policial
(esses seus cães)
contra mães que tentam
defender seus filhos
dos tiros de borracha?
o senhor acha normal?
acha?

diz pra mim, seu geraldo:
como pode dormir em paz
vendo cenas tão brutais
que esses seus animais
armaram no pinheirinho?

será sempre esse o caminho
para esse tipo de questão?
ferro, fogo e canhão
pra cima do cidadão.
é assim que o senhor resolve
o problema da habitação?
de cassetete na mão?

e o que dizer da justiça
omissa?
e o que dizer da força policial
brutal?
o que dizer da imprensa
que dispensa o fato
e vende gato
por lebre?

e a gente, gente?
até quando tão otários
deixando que elejam
esses salafrários
sanguinários
que caça o operário
em seu casebre?

vamos deixar o estado
(mental do seu geraldo)
nos erradicar?
eles tem a intenção
de fazer atrofiar
a nossa percepção,
o nosso senso critico,
e a nossa educação
para que esses sínicos
(raça ruim de político)
vençam sempre a eleição.

eles nem atura a nossa cultura!
veem o povo em dois instantes:
ser votante e meliante.


fico vendo nas tv
as cenas que o PSDB
arma pra nos foder:
é tarifa é imposto
é todo tipo de desgosto 
é enchente é indigente
e ainda tem o PT.

vamos nos humanizar...
por o povo no poder!
e não esses vampiros 
que nos recebem à tiros
quando a gente precisa.

e como a gente precisa...
de não se iludir com pesquisa
de saber do chão que pisa
de fazer melhor a escolha
de estourar a velha bolha
de abrir bem mais o olho
de por a barba de molho
e de não sermos tão baldo.

se não pelo amor
que pela dor.
entendeu bem, seu geraldo?





sexta-feira, 20 de janeiro de 2012



CEMITÉRIO DE ILUSÃO







quase em frente da minha casa
eu criei um cemitério.
é sério.
ali tem um muro e um portão
onde atrás tudo é baldio.
uma casa que explodiu.

por de trás de um azulejo
que vejo onde era a cozinha
dorme um desejo em mudez
que tive por uma loirinha
que foi minha
só uma vez.

enterrada no alicerce
onde antes era o quarto,
permanece uma luxuria
folgada em farto caixão.
foi forte aquela paixão
e virou fúria rompedeira.
ela era costureira...

naquele canto bizarro
de cano, pia e privada,
em tudo está em enterrada,
mais uma das minhas mancadas.
ali ficou uma ai
que loucamente eu quis.
e achando eu ser feliz,
fiz verso, festa e namorada.
só que essa era casada.

ali onde era a sala
assola uma sombra vaga
que ainda não foi enterrada.
pairando grave no ar
ela busca escapar
pra outro corpo tomar.
começo onde tudo se acaba;
eu falo da mulher-diaba.

são alguns poucos
que eu distingo.
é tanto grito louco,
tanto xingo e barulho
que sai de baixo do entulho
e das marias sem vergonha.

é ali o meu cemitério particular.
o deixo bem perto do meu lar
pra poder olhar da janela
o muro e o portão
d´onde atras deles jaz
a minha morta ilusão.

sexta-feira, 13 de janeiro de 2012

ENQUADRO










tava eu na madrugada
curtindo a minha loucura.
quando virei a quebrada
dei de cara com a viatura.
estavam em três guardas
e foi tenso aquele instante...
a ordem então foi gritada:
'mão na cabeça, meliante!
e levanta logo a camisa (?)
se tu tá com algum flagrante,
nos poupe trabalho e avisa.'
felei num tom penetrante:
'tenho, sim, uns bang em cima:
tenho papel, caneta e rima
e uma mente fumegante.'

o guarda ficou bem irritado
e disse assim: 'cê tá todo pã.
com esse olho avermelhado
e dando uma de galã?
mostrou que estava armado
e quis pra mim se crescer.
e eu, sem ficar abalado,
me pus assim a dizer:
'sou tipo que não amarela
e não tenho porque tremer.
estou vindo da casa dela
cheio dos proceder.
minha droga é a paz.
a arma, meus ancestrais
e tenho mais o que fazer...

os macaco se emputeceram
e falaram que eu falo demais.
deixei eles de sombreiro
com mais uma ideia tenaz:
'eu sou é poeta fuleiro
na madrugada virado.
tava eu e uns parceiro
fazendo um improvisado.
façam logo seu trabalho
que eu tô um tanto cansado.
não me causem atrapalho
que eu sou bem informado.
eis aqui minha identidade,
sem arma, droga ou maldade...'
só ai eu fui liberado.