terça-feira, 31 de maio de 2011





LÁ VOU EU DE NOVO....










finda a aventura de amar
é a fase de colar
de bar em bar.
 
ando pelas bandas
do centro
bebendo
destilados.
deste lado da realidade,
me invade
desejo de torpor.
 
qualquer ensejo
que esmague
o resquicio
de amor
que insiste
em me assombrar.
 
no bar peço
maria mole
viro tudo
n´um gole
tropeço
mas não faço careta...
 
vô pra casa.
se não
posso arrumar
uma treta.
 
caminhos para inferno
não tem fim
e por ela
eu não iria tão longe assim
 

sexta-feira, 27 de maio de 2011










 
trago em mim um amor
que aconteceu e virou meu.
 
ele é egoísta e só.
ele é rico de dar dó.
ele é desconfiança.
mal criado igual criança
que chora sem sucrilhos.
 
vive de brilhos passados
em um quarto iluminado
a sete velas.
esse amor sempre se esconde
aonde eu sei.
esse amor mora sozinho
numa casa imensa
e vazia.
esse amor nunca viu a luz do dia.
 
ele é único. ele é lírico.
ele é telúrico e sínico.
ele é a cobra
comendo o rabo.
ele começa
aonde eu me acabo.
 
ele é o vinho na mochila
que chia por não ser tomado.
esse amor receia
 ser derramado
entre cacos.
 
esse amor é antigo
e tem um olho opaco
que só enxerga de perto.
esse meu amor é deserto
e, de certo, assim ele há de ser.
 
ele segue resignado
e inflamado,
ciente do combinado:
a dona dele
não o pode receber...




quinta-feira, 26 de maio de 2011







TÔ MONGÁGUANDO E ANDANDO.










'olá. bomdia.'
'bom dia , senhora.'
'você pode dar uma olhada no meu liquidificador?
eu fui usar ele agora a pouco e eu vi uma barata andando ai nessa gradinha.
o senhor tira ela daí, moço?
'ai ai,  minha senhora. eu também tenho medo de barata.'
ela ri. 
pego a chave de fenda e desatarracho  os quatro parafusos que prendem o fundo do aparelho.
abro devagar. quase não querendo. de verdade.
nada!
'tem barata aqui não, senhora...'
'deixa eu vê. ué...
ela  tava ai, moço. presa.'
'agora não esta mais. ainda bem..'
'não acredito!'
'veja bem, minha senhora: se ocê quiser, eu vou ali  no bar do tatu e pego um punhado de barata que tem dentro de um  microondas que ele arrumou aqui esses dias. 
fica quinze reais.
ela gargalhou. e foi-se embora.





terça-feira, 24 de maio de 2011





movimento físico.
sentimento lírico.
mostrando  a beleza
das mazelas da vida.

uma certa leveza
adquirida
na labuta diária
na condução
na janta temerária
do ultimo tostão.

mas isso não abate, não.
pelo contrario;
só mostra o itinerário
que deve ser percorrido.

mulher de vários sentidos
que absorve esses disparates
e nos devolve
em tão bela arte.

veja que belo mister.
essa mulher
parece uma usina.
o seu jeito de menina
confunde o meu juízo.

dizer isso pra ela
é sempre preciso:
gosto de te ver na janela
minha bela
Ana Paula Risos

segunda-feira, 16 de maio de 2011

DEUS E O DIABO NA TERRA DA CARNE DE SOL





esse troço ai eu fiz na época em que bush matou sadam.
até que tá atual...rs












naquele dia, deus acordou mal humorado. levantou da cama pelo lado errado e meteu o pé no penico.
com a meia cheia de mijo, soltou um palavrão que fez tremer toda a criação.
lucifér estava na cama com uma mulher (que depois constatei, de sobrenome sarney).
levantou da cama aflito e quando soube do ocorrido, cascou o bico.
não muito tardou e o celular dele tocou; era o senhor.
"eaê aliado? como anda as coisas do seu lado? aqui tá tudo moiado! uma merda só...
você viu que o bush do sadam não teve dó? mas ó... vô bolar um esquema pra abalar todo o sistema.
posso contar com você? sem problema?'
lucifér, naquele papo, ficou muito interessado. e, muito do discarado, falou: 'é nóis! tamu junto lado a lado, aliado! você não é o sinatra, mas é a voz! você falou, tá falado. vamu se trombá hoje pra tomar um pifão?
te encontro às nove horas no bar do zé batidão.'
conforme o combinado, os dois aliados se encontraram. ficaram ouvindo as rimas, vendo as meninas e tomando umas canjibrina.
meio embriagado, deus foi ficando injuriado e esmoreceu.
olhou pra lucifér e falou: 'aqui já deu. vô colá num castelinho que tem ali perto do hospital. se você não leva a mal, eu tô saindo fora. talvez um dia a coisa melhora e não teremos tantos enforcados...'
lucifér não entendeu, mas mesmo assim falou pra deus: 'é isso ai, aliado! o que você disse agora, eu achei bem lôko! mas se você quer sair fora, eu vou ficar mais um pouco. eu quero saber porque aquela menina tá me olhando demais. eu vô nessa gostosinha e vou falar com o sérgio vaz a respeito de um sarau que vou fazer no morumbi, pra ajudar uns ricos diabos que estão prestes a falir. mas ai...
vamu se vingar dessa parada do sadam! o que cê acha de amanhã, se pã, botar lá nos states um presidente com um nome talibã?'
deus deu uma risadinha, pegou cinco latinha, tocou na mão do cramunhão e disse: 'pode ser... depois eu ligo pra você.'
já na rua, deus desistiu do roteiro e decidiu que não ia mais no puteiro.
já tinha cinco latinhas e em menos de um segundo, deus já tava fora desse mundo.
no paraíso, deus abriu a sacola com as cinco brahmas e pensou: 'tenho tudo o que preciso!
lucifér ta ficando cheio de drama. só falta ficar senil com essa história de poesia, de ir em sarau todo dia, ajudar ricos diabos... onde é que já se viu?'
mas quem é deus pra falar de dramas?
naquela noite, depois de beber as brahmas, deus capotou. e quando acordou, tinha mijado na cama.

segunda-feira, 9 de maio de 2011

VESTIDO DE POESIA



MEU VESTIDO DE CHUVA...LINDOOOOOO!


sempre que te procuro
dou de cara com um muro
onde tem a pixação:
"acho melhor não..."

tento entender
mas não consigo
o porque
da sua vontade própria
não tem vontade
de estar comigo.

sonho aleatório
oratório profano
onde me inflamo
de teso desejo.
mas eu nem sequer te vejo...

amor que some
a terra come.
levarei junto ao seu nome
a marca da indiferença.
da menina que só dispensa
o que poderia ter sido.

pra mim,
que nunca fez muito sentido
evitar as coisas,
me cabe oferecer vestidos
que sirvam pra outras moças.

quinta-feira, 5 de maio de 2011











entra o cliente grosseiro na oficina:
'você se lembra desse ventilador?'
'bom dia, senhor.'
'bom dia. você lembra?'
'vagamente...'
'vagamente?'´
'é. porque? ele fala?'
'você esta de piada!'
'de piada está o senhor querendo que eu me lembre de um aparelho sendo que eu recebo uns oito iguais a esse todo dia!'
'eu arrumei ele aqui à uns dois meses e agora ele parou de novo.'
estico o fio e ligo na tomada. o vento sopra no meu rosto em três velocidades, oscilando silenciosamente.
'tá funcionando!'
'não acredito!'
'verifique a instalação elétrica da casa do senhor. e quando for assim, testa ele em outra tomada antes de vir aqui. tenha um bom dia.'
'não acredito que vim aqui pra nada!'
'pra nada nada, chefe. pelo menos o senhor trouxe o ventilador pra passear. tchau ventilador!'
'falô gustão!' me respondeu o aparelho.

segunda-feira, 2 de maio de 2011

QUEIXAS QUIXOTESCAS




minha doce dulcinéia;
eu bem faço uma idéia
porque de mim
sentes preguiça.
do meu jeito que enguiça
a sua percepção.
essa minha louca paixão
que tende a acabar em pizza.
capaz que não finaliza
nem se você vier,
pois os moinhos de vento
ainda estão lá de pé...