segunda-feira, 31 de janeiro de 2011

GOOD NEWS








tenha a senha
que acessa
a sanha
quente
que envolve
a gente.

renove seu sentido.
ponha seu melhor vestido;
vou tira-lo no intervalo
das palavras
que falo
ereto,
quando de ti
fico perto.

decerto a sorte
foi lançada
de ti
não escondo
nada.
querida amiga
amada:
faça manha.
tenha a senha.

domingo, 30 de janeiro de 2011

MULHER-DIABA




você finge que me engana
e eu acredito de brincadeira.
seguiremos dessa maneira
até essa paixão etérea
virar coisa séria.
e quando for essa hora
e vou sorrir
e vou embora.
por favor, não leve a mal...
a minha paixão por ti
é o mais puro carnaval.









domingo, 23 de janeiro de 2011

hoje faz um mês exato que deixei minha casinha na lagem e vim para mongaguá.
sai de lá apenas com uma mochila, contendo algumas roupas que me serviram muito bem nessas ultimas semanas.
as ultimas semanas também vem servindo como patamar para visualizar algumas situações em que me pus recentemente.
não sei se por solidão ou por auto afirmação, andei frementemente por ruas festivas, vivendo a ilusão de estar realizando algo, sendo que na verdade, nada produzi e só me enganei em paixões vãs.
dizendo dessa forma extremista, pode parecer que me sinto frustrado ou arrependido pela vida que eu levava em são paulo. pelo contrário.
lá deixei amigos queridos de quem sinto saudades.
me desliguei de um emprego que me dava uma certa remuneração fazendo o que eu gostava.
tinha o teto que eu entrava a hora que eu queria e encontrava tudo exatamente no lugar.
as mulheres esfuziantes que, fora o prazer, me davam a chance de ser uma pessoa carinhosa e cuidadeira.
tudo isso ainda me traz grande satisfação, mas no intimo, eu vinha sentindo estar despendendo energia que poderiam estar sendo melhor aproveitada em outros departamentos.
estava me sentindo redondamente enganado ao fazer mais do mesmo. e o pior de tudo:
sem resultados concretos.
por issos e por outra razão inconfessável (hehehehe) vim para mongaguá aproveitar a opção que se apresentava para mim.
grande benção para o homem é ter o pai e a mãe vivos. quem não tem sabe do que falo.
fiquei muitos anos afastado dos meus pais e quando quebrei a perna fui acolhido na casa deles por curto quatro meses que serviram para reatar velhos laços que até então, eu pensava já estarem desatados pelo tempo e por quebra-paus homéricos.
mas o tempo é rei! e as vezes ele reina sucessivamente e de forma cilíndrica, se repetindo, no decorrer da vida. pequenas reencarnações para quebrar as encanações.
por isso hoje me encontro satisfeito sendo pupilo de meu pai, aprendendo o que ele faz e o satisfaz.
ainda estou engatinhando na bancada da oficina dele mas já compreendo a função de um diôdo e de como anula-lo. já testo o induzido de um motor, identificando se ele esta em curto ou não.
já ando pela cidade com mais desenvoltura, curtindo a natureza que se mostra em cada esquina, seguido no trilho (hehehehehe) e nada mais.
hoje me sinto muito mais potente arrumando quatro ou cinco liquidificadores por dia e vendo as pessoas felizes pagarem por um conhecimento que eu tenho. hoje faço coisas concretas.
e disso virá as coisas que sinto saudades e são boas para mim.
aguardo o carnaval passar para alugar uma tapera no pé da serra, a qual o proprietário insiste em ganhar quatro vezes mais nesses quatro dias que virão do que eu vou pagar por mês.
quero fazer um curso. quero comprar um carro. quero parar de fumar. quero um amor.
quero poesia.
quero o novo no de novo.






gosto de ruas
que me levam
para o longe.

largas avenidas
que me levam
pra não sei onde.

junto poucas coisas
pra na hora do imprevisto
não ter receio em dizer:
'desisto!'

sigo na vida aleatório.
um prato de comida
é o meu oratório.
um romance fugaz,
muito me satisfaz.

namoros? casamento?
tenho com meus rebentos,
pra quem ando equilibrado
e para que nossos encontros
contem pontos pro meu lado.
no mais;
deixo tudo pra trás!
só o hoje me traz paz.

sábado, 8 de janeiro de 2011





A QUEM INTERESSAR POSSA






disponho
meu próprio sonho
totalmente pra você.
é um sonho adolescendo;
todo estranho de entender.

vislumbro tesouros vindouros
que não caberão
nesse mundo penumbro.

sinto um pedaço de chão
onde tem um pé de louro,
uma lenha e uma nascente.
e tem um cavalo mouro
todo incorporado,
que me leva de olho fechado
para eu ser seu namorado.
isso é sonho; é evidente...

mas seu por a unha e o dente,
o cacete e a mente;
presente será no futuro!

a minha casinha sem muro,
a noite sem novela
a luz de vela...
eu, ela, o nosso amor
e o gerador.
(pra ter som de internet)

te mete!
nessa paixão gulosa
que sorvo através dos seu beijo.
miríade desejo
que planejo
com versos fiados




segunda-feira, 3 de janeiro de 2011




CHOVIDO




triste moça na janela...
como aplacar a tristeza
de criatura tão singela?
talvez se eu a levasse
para a festa da favela
a tal da tristeza passasse...
e pra contornar o impasse
que eu criaria junto à maria?
maria que tanto me ama
e reina na minha cama.
maria não perdoaria
a minha boa intenção.
sobraria bofetão
pra mim,
pra ela (a moça da janela)
e pra quem tivesse na reta.
seria uma grande esparrela...
deixa ela lá quieta!
adeus, linda princesa.
fique ai com a sua tristeza.










domingo, 2 de janeiro de 2011

no primeiro domingo do ano, a água cai forte do céu.
e eu, já meio mamado, bolei esse escarcéu.




eu sendo um poeta fuleiro
só faço da rima o que quero.                                                                                                   
o verso vem sempre ligeiro,
com manhas e sem lero-lero.
e foi em primeiro de janeiro
que eu vi esse entrevero.

existia um certo caboclo
por nome de coriolano
que trabalhou feito louco
pra mó de ir no fim do ano
poder ir curtir um pouco
na praia; esse era o plano.

o cabra sendo solteiro,
fez a sua programação.
juntou um pouco dinheiro
de baixo do seu colchão
pra gastar no dia primeiro
nas praias do boqueirão.

acontece que o sujeito
tinha uma estranha mania.
não chegava a ser um defeito,
mas zuava a sua biografia:
só se dava por satisfeito
se bebesse todos os dias.

bebia conhaque, cachaça,
vodka, vinho e cynar.
fumava e soltava a fumaça,
ficando a vontade no bar.
o seu apelido, 'manguaça',
logo começou a pegar.

coriolano também era
um sujeito muito honrado.
e no fim da primavera
seu plano já tava bolado.
'chegou o fim da espera.
vou curtir o feriado!'

no fim de dezembro rumou
pro terminal jabaquara.
mas claro, antes passou
no bar e encheu a cara.
feliz ele desembarcou
no bairro do caiçara.

assim que chegou na praia,
o cabra ficou animado.
olhava os rabos de saia
e as coxas pra todo lado.
entrou sem dó na gandaia
num dia tão ensolarado.

mas acontece que a natureza
também estava presente.
e armou uma má surpresa
que entristeceu toda a gente.
do céu, abriu-se a represa
e a chuva caiu inclemente.

ó que grande desacerto
é estar na praia com chuva.
o peito se enche de aperto
e a diversão faz a curva.
o sonho se faz desfeito
com a paisagem tão turva.

mas nosso herói fez pirraça
e sem nem uma vergonha
tomou mais cinco cachaça
e deu dois tapa na maconha,
foi lá para o meio da praça
e bebeu toda a chuva bisonha.

o povo ficou contente
com aquele cachaceiro
que bebeu a torrente
e mudou todo o roteiro
do fim de ano evidente
que ia ser de aguaceiro.

coriolano era o rei
de toda aquela nação.
a sua palavra era a lei
nos quiosques do calçadão.
vinha gente de não sei,
pagar bebida e porção.

foi nesse exato momento
que o bebum foi se empolgar.
e sem pensar nos lamentos
e nos protestos que ia causar.
e assim, por divertimento,
sem pressa bebeu o mar.

o sol estava rachando.
e o mar tinha ido embora.
o povo tudo se abanando,
esticando a língua pra fora;
falavam pra coriolano:
'ô filho da puta! e agora?'

coriolano então se ligou
na mancada que tinha dado.
uma roda logo se formou
em volta do pobre diabo.
na imigrantes ele se safou
com as pernas batendo no rabo.

e assim, da fama a lama,
começou o fim do ano.
com alegrias e dramas
pro pobre do coriolano
que estragou o programa
de milhões de paulistanos.

assim fica aqui um exemplo
casado com uma certa  lição:
se iludir com o momento
é coisa pra os vacilão!
e o nosso corpo é um templo;
só beba com moderação...







sábado, 1 de janeiro de 2011

eita que dois mil e onze promete! 
são três horas da tarde e eu acabo de acordar numa alegre ressaca .
aqui em mongaguá chove. eu costumo chamar aqui de mongágua. rs.
a virada do ano foi tranquila. fiquei ouvindo um cd maravilhoso do nelson gonçalves e angela maria cantando juntos com meus pais e sorvendo cervejas. a meia noite fui com o davi ver a queima de fogos do alto da passarela. não quisemos ir na praia. preferimos ver os fogos lá do alto mesmo e depois assistir a massa viva de pessoas voltando esperançosas com o ano novo para casa. já de volta, comi o tradicional e delicioso pernil que mãinha prepara na virada e cai no mundo. fui na casa do ricardo, parceirinho que trabalha com meu pai na oficina a alguns anos. lá tinha uma festa muito animada com os parentes e amigos dele. fartura de comida, bebida e mulher bonita. fiquei agarrado em uma até o dia amanhecer com violão e estouro de cidras nos primeiros raios da manhã. alguém sugeriu um banho de mar coletivo pra começar o dia. sugestão aceita, fomos em dezesseis para a praia que parecia ter sido varrida por um tsunami. muita sujeira, flores e garrafas jogadas.
mas entramos no mar assim mesmo; devidamente bêbados. na volta, despedi-me do povo e voltei para a casa de mãinha, que também será minha nesses próximos meses em que vou morar aqui no litoral.
dado alguns insucessos no final do ano passado (desemprego e desamor) resolvi atender o chamado de meu pai que a muito me convidava pra tocar a oficina junto com ele. ele tem a unica oficina de concertos de eletrodomésticos da cidade que cada vez vem se firmando mais com a clientela crescendo. 
acredito que o ar bucólico da cidade irá me ajudar nesse empreitada. eu já tinha comentado com pessoas mais chegadas, que estava cansado da vida lôka de sampa. agora quero vida besta. 
a minha casinha da lagem lá no novo santo amaro ainda vai ficar lá para me receber quando eu estiver na cidade.
são paulo agora, só a passeio. 
começo o ano nesse novo propósito, desejando a todos os amigos e parceiros que tenham um ano novo novo de verdade. as melhores vibrações e aspirações possíveis para todos. asé!



à frente do meu portão
mora uma bela montanha
por quem tenho a gratidão
por me passar toda a manha
para ser sempre tranquilo,
cuidar dos próprios grilos
e não acompanhar legião.

na parte de trás tem um mato
que cresce em terreno baldio.
lá mora um esperto lagarto
que vive sem muito fastio.
feliz ele está se tem sol
e come qualquer caracol
que caia no seu palato.

à cima, a minha vizinha,
é uma grande acrobata.
é a mais louca andorinha
que só anda em passeata.
ensina escapadas maiores,
mais ágeis e até melhores
que a do próprio escadinha.

dos meus lados tem as flores
por quais sou apaixonado.
me cedem prazeres e dores
que me deixam equilibrado.
encantam a minha visão.
às vezes, me roubam o chão
quando me negam os olores.

no centro dessa vizinhança
se esconde esse parco poeta.
que vive nutrindo a esperança
de alcançar a antiga meta
de estar sempre em harmonia
com tudo que a terra cria:
homem, mulher e criança.