segunda-feira, 21 de fevereiro de 2011



existia no novo santo amaro, uma mendiga parecidíssima com a hilda hilst.
quando eu a via, eu dava todo meu dinheiro a pobre hilda hilst e lhe pedia que me perdoasse por sempre ter tão pouco.
ela nunca se admirou.
dizia sempre: 'quem perdoa é deus!"
nas noites de lua, acrescentava: "noite bonita...'
nas noites de chuva: 'chuva boa...'

terça-feira, 15 de fevereiro de 2011

esse blog tá que nem eu: abandonado.







olha só as coisas que eu faço: pus a minha melhor roupa (a de palhaço) e fui encontrar vera na festa de sua amiga. era um bar lá no bixiga onde pagava dez paus pra entrar. até ai, tudo bem; vá lá... mas longneck a quatro paus? pensei: 'no sarau é quase igual... a cara é arrastar vera essa noite pra favela.'
logo de cara te vi; 'vera tomando um refri?' refleti. até o seu penteado estava diferente. o seu abraço foi menos envolvente. parecia um embaraço. descontente. confesso: fiquei chateado. pedi um petisco e uma dose de são francisco (doze paus).
fiquei ali uma hora e não me reconheci em ninguém. a pinga acabou também.
chamei vera de lado, assumi um ar preocupado e fiz o comunicado: 'vera; eu vim ver você e você me trata mal? cadê a sua libido? quem é que tá aqui hoje? é seu pai ou seu marido? dependendo da resposta, eu saio daqui corrido...'
enquanto eu falava, vera verificou vária vezes se alguem nos observava. daí ela disse sem trava: 'sabádo passado, eu vi você todo emperiquitado com uma pequena na pinacoteca... você tava tão encantado (ou chapado), que você nem me viu passar várias vezes ao seu lado. foi nesse mesmo dia que eu conheci o eduardo. ele é aquele fortão ali sentado que tá olhando pra cá.
você pode ficar a vontade, mas de verdade: vá embora daqui agora!' fiquei um tanto atordoado com essa história de eduardo.
pensei em tomar outra cachaça, mas já não via mais graça no preço e muito menos no apreço. sai dali aos tropeços e sem despedida.
maldita mina metida a fazer vinganças cruéis!
parei no bar da esquina, tirei da bolsa uns papéis e me pus a escrever para nunca mais esquecer dessas noites infiéis.
 
 
 
 
 

sexta-feira, 4 de fevereiro de 2011

linda poesia!
palavras que eu escreveria nesse momento.
das origens dela, há controvérsias...
não sei de quem é,
mas no momentto ela é minha.




"Estive doente.
Doente dos olhos,
doente da boca,
dos nervos até.

Dos olhos que viram
mulheres formosas,
da boca que disse
poemas em brasa
e dos nervos manchados
de fumo e café.

Estive doente.
Estou em repouso.
Não posso escrever.

Eu quero um punhado
de estrelas maduras.
Eu quero a doçura
do verbo viver."