quarta-feira, 23 de novembro de 2011





CIÚME DO CÃO







dizia-me ramon de quando morava na rua da paz: eu tinha acabado de me mudar pra quele apê e nos primeiros dias eu fumava na rua. andando no entorno eu vi uma área verde no fim de uma ruazinha que sai da verbo divino. no dia claro seguinte, voltei lá. era um parque. um eucalipal cortado por um esgoto corrente que já fora um riacho. dos dois lados tinha tanques de areia, playground e umas trilhazinhas onde velhos de short caminhavam. um inferno. nesse dia fumei em casa. um mês e pouco depois, foi o primeiro fim de semana em que ana foi lá também. eu tinha pedido pra mãe dela pra arrumar tudo primeiro. eu tava muito sem grana nesses dias. sem trampo, sem norte. criança em mudança embaça. deu tempo de deixar tudo lindo. manga leite requeijão pão papel lápis de cor bala bola e amor. mó saudade da miúda... e ela lá foi. disse 'que apartamento enorme!' de pequena que era. tinha o que naquela época? três aninhos? sei lá. só sei que dessa primeira vez eu levei ana no parque. era domingo e ela gostou  muito e eu também. fazia sol e as pessoas estavam por ali se exercitando, lendo, deitadas e brincando. com seus cães e suas crianças. tinha crianças. enquanto ana brincava com a filhinha de dara, que eu acabara de conhecer e já querendo comer, chegou um negão com um dog alemão que não tinha tamanho. sabe o dog alemão? o scooby doo? então.
ana morre de medo de cachorro e correu pra perto do véio. seguro na coleira, o homem disse 'morde não, fia.'. eu ri. fiz festinha e passei a mão no bicho. que cachorro lindo! tinha o pelo curto, caramelo. brilhava ao sol. um porte esnobe. parecia um cavalo e em pé, devia ter um metro e setenta. ana não quis papo.
o cara me olhou na cara, fez um manejo de cabeça e se foi. fora a tarde que tava linda, o melhor foi dara dar o telefone dela quando eu disse que em quinze dias eu vinha. liga antes, disse ela. então.
vieram falar do cheiro dos cigarros. certas horas, voltei a fumar na rua e numa dessas, lá perto do carrefour, eu vi de novo o negão do dog alemão. ele tava só em pé perto de uma dessas cabines de vigia, sabe? dessas de fibra que finca na calçada? eu tava entretido com o cigarro e quando eu vi, ele me ria já a uns dois metros da minha frente. era madrugada. ele disse assim: tem um desse ai? tinha. ele deu uns tragos, apertamos a mão e eu continuei andando. nessa coisa de segundos ele me disse seu nome. michel. mudei de curso. dai pra frente eu só via michel com o dog lá no parque, quando ana vinha. eu ficava puto quando isso acontecia porque ana tinha medo e não queria desagarrar das minhas pernas quando via o cachorrão. largava os brinquedos dela  lá na areia e vinha jogar a mesma nos meus. eu só queria que ela brincasse enquanto eu lia deitado ao lado de dara. deu-se o tempo. uma quarta feira encontro michel na padaria. acabava de chegar à minha mesa uma feijoada que sobraria. michel entrou pedindo o cardápio. eu disse, ô indio! vamu meia esse feijão aqui. ele meio que rio e fez que não ia, mas eu mandei parar de gueri gueri e se abundar. michel sentou na minha frente pedindo prato e talher pro balcão. se serviu comedidamente e disse estar ali aquela hora pra cobrir as férias do guarda da tarde. a sei lá quantos anos varava as madrugadas naquela cabine fazendo cruzadas e vendo uma tvzinha, que também era radio. morava ali no imbé, também tinha uma filha  mas de trinta anos e dava uns dois nas altas horas. e o cachorro michel? ele deu uma risada descarada e disse que era do doutor tavares. doutor tavares morava num daqueles casarões e tinha haras. e dava cem reais para michel passear com duque todos os domingos. duque era estrela de filme pornô. comia melhor do que nós. veterinário, spa e os caralho. quando eu duvidei, michel disse que se eu passasse lá de noite, me dava um dvd de duque. eu disse é claro que não! aquele cachorro filho da puta ganhava uns três paus por filme.que raiva que eu fiquei! mudei de assunto e de parque. depois dessa, ana eu dara e luciana íamos dominicar num parque que tem lá na vicente rao.











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