sábado, 26 de maio de 2012





FOGO, FERRO E MAR





foi em 1915 que isso se sucedeu.
a primeira grande guerra acontecia e tudo era nebuloso e incerto na inglaterra.
nesse cenário encontra-se thon, que andava muito apreensivo com aqueles tempos. por essa época, ele era um popular líder sindical e seus discursos moviam a massa. seu verbo fluente falava das amarguras do povo e de suas aspirações. a guerra não era uma delas. logo o governo britânico viu em thon uma ameaça e se valendo de sua descendência alemã, meteu-o na cadeia. não demorou muito para que, além dos muros, a liberdade do líder fosse tramada. thon seria resgatado da prisão e embarcaria em um vapor que seguia para a américa. documentos falsos foram providenciados para que ele fosse incorporado à equipe de foguistas do navio. até então, nunca saíra da inglaterra e a emoção da aventura o excitava. mas ao chegar na casa de máquinas, thon viu que a sua liberdade sairia caro.  acostumado aos palanques e escritórios, thon se viu no inferno ao ter que investir com a pá cheia de carvão contra a boca do forno incandescente que fazia as hélices funcionarem. ele duvidou de suas forças para tão tenebrosa tarefa. pensou que morreria naquela atmosfera escaldante, mas pouco a pouco foi absorvido pela indiferença do espaço-tempo, sensação tão conhecida pelos exilados e infelizes. fazia seu trabalho de forma mecânica e solitária em meio ao barulho das maquinas e das labaredas que lhe queimavam os pêlos do braço e as pestanas. a policia na inglaterra também trabalhava e em investigação e investigação, soube do paradeiro certeiro de thon e telegrafou para o navio dando a identidade verdadeira do pseudo-foguista. no quarto dia da partida, toda a tripulação já sabia do fugitivo.
ele era vigiado e, por sinistra ironia, sabendo que thon faria qualquer coisa pela liberdade, era posto nas caldeiras mais quentes e que davam mais trabalho. seguia resignado. assim foi por muitos dias, até que o navio entrou no rio hudson. thon olhava os arranha-ceús de nova iorque já pensando na liberdade quando um oficial do navio o chamou: 'sr. thon...' estremeceu. a sorte o abandonou. lhe chamavam pelo nome.
'como vê, sei quem você é. desde o começo eu sabia. não mandei prende-lo antes para não desfalcar a equipe dos foguistas. mas agora, em nova iorque, o senhor será substituído. teje preso!'
thon abaixou a cabeça arrasado. 'levem esse homem.' finalizou o oficial.
ele foi posto então em ferros e jogado em uma cela infestada de ratos. desembarcou de volta em liverpool meio morto e meio louco. por pura crueldade deixaram-no trabalhar até nova iorque, e pelo mesmo motivo o puseram, na volta, acorrentado no porão de um navio da onde não podia fugir.

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