segunda-feira, 17 de outubro de 2011


                                                                           









                                                                              I                                           

certa feita esteve em monteiro, distrito da paraíba, um cirurgião barbeiro.
em vez que ele chegou, o povo ainda não sabia disso.
entrou na cidade pela praça em manhã parada e poeirenta.
os símbolos em sua carroça fizeram soprar o vento da curiosidade na mente de quem viu ele chegar.
parou em frente a venda de firmino, entrou e saiu de lá trazendo uma bacia de água para o cavalo e uma grapette.
pôs a bacia ao alcance do bicho e foi beber na soleira da porta.
dava pra ver firmino com a mão no queixo lá atrás, parado no meio da venda.
liquefeitos, um subiu no outro e se foram para as bandas da roça.


                                                                              II
três e meia da tarde, venâncio chegou dizendo à mulher que tinha visto acampamento na região a loca quando vinha do trabalho.
parecia ser cigano. mas estava só... claro; tinha um cavalo.
socorro disse ao homem que o estranho tinha chegado pela manhã na cidade.
ercília tinha dito que era desses comunistas. ou errante. mas ele mesmo tinha tratado de se afastar.
nesse momento, vênancio quis que fosse mais.
tinha em casa ana. dezesseis anos. moça linda e transviada. ouvia radio e punha flores nos cabelos.
ana já sabia do homem da grapette. maria teresa tinha lhe falado.
ele curava coisas.

                                                                                III

foi nessa tarde mesminha que deolindo, filho do capitão borges, caiu na ribanceira enquanto perseguia um grupo de catitu.
foi o eremita que ouviu a gritaria lá no buraco e, pela inacessibilidade do local, correu para a cidade onde encontrou eustáquio, capataz da fazenda borges, tomando cachaça na venda de firmino.
rapidamente juntou ali na venda mesmo quatro homens que seriam o primeiro pelotão de resgate.
montaram em seus cavalos e tocaram galope para as ribanceiras, deixando o eremita em pé no meio da praça protegendo a cara do pó dos pés dos cavalos.
pobre quarteto precipitado e despreparado...
estavam a uma altura de vinte metros acima dos gritos do mancebo. precisavam voltar a fazenda para buscar cordas e ferramentas. só um voltaria.
outro mais afoito, tentou descer verticalmente pelas pedras. voltou ligeiro para a borda ao ver que ia mesmo era cair lá junto com o acidentado.

                                                                                  IV


esse só que voltou a fazenda, cruzou com outros grupos querendo salvar.
o homem da loca não ficou indiferente. sabendo do acidente, foi ate o baú que que era a sua carroça e separou o material necessário. fez uma trouxa da qual acomodou nas costas, desatrelou o cavalo e seguiu para a movimentação. lá chegando, tratou de desmontar a tralha: dobradiças, roldanas, ganchos...
fez nós firmes dentre os ferros e desceu buraco a baixo sem dizer palavra.
ele mesmo veio puxando a corda que o trouxe junto com o caçador incauto direto para a carroceria de uma volkswagen que estava por ali. foi junto.
fez talas, emplastros e orações na casa do capitão.
com o doente dormindo, saiu de lá sem nada aceitar.
disse que deus ajuda, montou no cavalo e se foi.

                                                                                 V

quatro dias depois, o próprio capitão foi ter com o estranho.
disse que o filho estava sarando rápido 'gracas a sua intervenção' e naquele momento estavam sendo mortos três garrotes para a comemoração da melhora.
intimado, o salvador disse sim. a noite estaria lá.
e foi nessa noite de festa que o forasteiro conheceu ana. ele disse à ela ser uruguaio, criado com um avô médico, mas quis ser marinheiro. foi até na china!
ancorado em salvador, ficou. disse à ela de luas, de ventos, de flores, homúnculos e riquezas.
vênancio nada gostou dos risos da filha.
acabou com a festa à agressão. foi pra cima dos dois, estapeando ana na frente de todos.
o capitão disse não admitir aquilo ali. apoiou e deu guarida para o estranho.
o nome dele?
era ivam. 

                                                                                       VII

todo mundo via ivam nas cachoeiras, bebendo grapette e brincando com as crianças. curou a gagueira de melquisedeque!
ivam... para onde foi?
e foi a partir desses acontecimentos que, quatro meses depois, ana pariu o primeiro anão que o distrito de monteiro já tinha visto.




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