domingo, 2 de janeiro de 2011

no primeiro domingo do ano, a água cai forte do céu.
e eu, já meio mamado, bolei esse escarcéu.




eu sendo um poeta fuleiro
só faço da rima o que quero.                                                                                                   
o verso vem sempre ligeiro,
com manhas e sem lero-lero.
e foi em primeiro de janeiro
que eu vi esse entrevero.

existia um certo caboclo
por nome de coriolano
que trabalhou feito louco
pra mó de ir no fim do ano
poder ir curtir um pouco
na praia; esse era o plano.

o cabra sendo solteiro,
fez a sua programação.
juntou um pouco dinheiro
de baixo do seu colchão
pra gastar no dia primeiro
nas praias do boqueirão.

acontece que o sujeito
tinha uma estranha mania.
não chegava a ser um defeito,
mas zuava a sua biografia:
só se dava por satisfeito
se bebesse todos os dias.

bebia conhaque, cachaça,
vodka, vinho e cynar.
fumava e soltava a fumaça,
ficando a vontade no bar.
o seu apelido, 'manguaça',
logo começou a pegar.

coriolano também era
um sujeito muito honrado.
e no fim da primavera
seu plano já tava bolado.
'chegou o fim da espera.
vou curtir o feriado!'

no fim de dezembro rumou
pro terminal jabaquara.
mas claro, antes passou
no bar e encheu a cara.
feliz ele desembarcou
no bairro do caiçara.

assim que chegou na praia,
o cabra ficou animado.
olhava os rabos de saia
e as coxas pra todo lado.
entrou sem dó na gandaia
num dia tão ensolarado.

mas acontece que a natureza
também estava presente.
e armou uma má surpresa
que entristeceu toda a gente.
do céu, abriu-se a represa
e a chuva caiu inclemente.

ó que grande desacerto
é estar na praia com chuva.
o peito se enche de aperto
e a diversão faz a curva.
o sonho se faz desfeito
com a paisagem tão turva.

mas nosso herói fez pirraça
e sem nem uma vergonha
tomou mais cinco cachaça
e deu dois tapa na maconha,
foi lá para o meio da praça
e bebeu toda a chuva bisonha.

o povo ficou contente
com aquele cachaceiro
que bebeu a torrente
e mudou todo o roteiro
do fim de ano evidente
que ia ser de aguaceiro.

coriolano era o rei
de toda aquela nação.
a sua palavra era a lei
nos quiosques do calçadão.
vinha gente de não sei,
pagar bebida e porção.

foi nesse exato momento
que o bebum foi se empolgar.
e sem pensar nos lamentos
e nos protestos que ia causar.
e assim, por divertimento,
sem pressa bebeu o mar.

o sol estava rachando.
e o mar tinha ido embora.
o povo tudo se abanando,
esticando a língua pra fora;
falavam pra coriolano:
'ô filho da puta! e agora?'

coriolano então se ligou
na mancada que tinha dado.
uma roda logo se formou
em volta do pobre diabo.
na imigrantes ele se safou
com as pernas batendo no rabo.

e assim, da fama a lama,
começou o fim do ano.
com alegrias e dramas
pro pobre do coriolano
que estragou o programa
de milhões de paulistanos.

assim fica aqui um exemplo
casado com uma certa  lição:
se iludir com o momento
é coisa pra os vacilão!
e o nosso corpo é um templo;
só beba com moderação...







2 comentários:

  1. Então foi pra praia ? Adorei a poesia AHAHA

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  2. Não sei por que a cisma
    mas acho que conheço esse cabra
    ele anda cheio de carisma
    é o homem das palavras...

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muito obrigado por comentar neste blog. só não esqueça que a trema caiu e que berinjela é com J! não leve a mal. estou avisando para que você não passe vergonha na frente dos outros comentaristas.