domingo, 23 de janeiro de 2011

hoje faz um mês exato que deixei minha casinha na lagem e vim para mongaguá.
sai de lá apenas com uma mochila, contendo algumas roupas que me serviram muito bem nessas ultimas semanas.
as ultimas semanas também vem servindo como patamar para visualizar algumas situações em que me pus recentemente.
não sei se por solidão ou por auto afirmação, andei frementemente por ruas festivas, vivendo a ilusão de estar realizando algo, sendo que na verdade, nada produzi e só me enganei em paixões vãs.
dizendo dessa forma extremista, pode parecer que me sinto frustrado ou arrependido pela vida que eu levava em são paulo. pelo contrário.
lá deixei amigos queridos de quem sinto saudades.
me desliguei de um emprego que me dava uma certa remuneração fazendo o que eu gostava.
tinha o teto que eu entrava a hora que eu queria e encontrava tudo exatamente no lugar.
as mulheres esfuziantes que, fora o prazer, me davam a chance de ser uma pessoa carinhosa e cuidadeira.
tudo isso ainda me traz grande satisfação, mas no intimo, eu vinha sentindo estar despendendo energia que poderiam estar sendo melhor aproveitada em outros departamentos.
estava me sentindo redondamente enganado ao fazer mais do mesmo. e o pior de tudo:
sem resultados concretos.
por issos e por outra razão inconfessável (hehehehe) vim para mongaguá aproveitar a opção que se apresentava para mim.
grande benção para o homem é ter o pai e a mãe vivos. quem não tem sabe do que falo.
fiquei muitos anos afastado dos meus pais e quando quebrei a perna fui acolhido na casa deles por curto quatro meses que serviram para reatar velhos laços que até então, eu pensava já estarem desatados pelo tempo e por quebra-paus homéricos.
mas o tempo é rei! e as vezes ele reina sucessivamente e de forma cilíndrica, se repetindo, no decorrer da vida. pequenas reencarnações para quebrar as encanações.
por isso hoje me encontro satisfeito sendo pupilo de meu pai, aprendendo o que ele faz e o satisfaz.
ainda estou engatinhando na bancada da oficina dele mas já compreendo a função de um diôdo e de como anula-lo. já testo o induzido de um motor, identificando se ele esta em curto ou não.
já ando pela cidade com mais desenvoltura, curtindo a natureza que se mostra em cada esquina, seguido no trilho (hehehehehe) e nada mais.
hoje me sinto muito mais potente arrumando quatro ou cinco liquidificadores por dia e vendo as pessoas felizes pagarem por um conhecimento que eu tenho. hoje faço coisas concretas.
e disso virá as coisas que sinto saudades e são boas para mim.
aguardo o carnaval passar para alugar uma tapera no pé da serra, a qual o proprietário insiste em ganhar quatro vezes mais nesses quatro dias que virão do que eu vou pagar por mês.
quero fazer um curso. quero comprar um carro. quero parar de fumar. quero um amor.
quero poesia.
quero o novo no de novo.






gosto de ruas
que me levam
para o longe.

largas avenidas
que me levam
pra não sei onde.

junto poucas coisas
pra na hora do imprevisto
não ter receio em dizer:
'desisto!'

sigo na vida aleatório.
um prato de comida
é o meu oratório.
um romance fugaz,
muito me satisfaz.

namoros? casamento?
tenho com meus rebentos,
pra quem ando equilibrado
e para que nossos encontros
contem pontos pro meu lado.
no mais;
deixo tudo pra trás!
só o hoje me traz paz.

Um comentário:

  1. É isso aí Augusto, poetar, escrever se faz em qualquer lugar. É a única arte que não requer grandes instrumentos nem requintes em espaço, papel e uma caneta, tá lá o registro.
    Nada como achar aquilo que se encontrava fora do lugar:família, família e família, são milhas contadas para o sempre.Parabéns por ter revisto seus conceitos em relação a ela.

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