quinta-feira, 19 de abril de 2012

A PELEJA NO FREAKSHOW
D´AONDE O MIGUEL SE ORIGINOU





já vem O Augusto inventar
mais uma de suas histórias.
se escrevo é só pela farra.
não quero fama, nem glória.
só quero quem queira escutar
a minha mais douda oratória.

todo mundo sabe que eu
sou um bom cabra da peste.
e sempre me dou muito bem
quando eu estou no nordeste.
mas foi lá paras bandas de riba
que quase não passo num teste.

foi numa quarta feira
e era noite de são brás.
andava só na madrugada
e no poste eu vi um cartaz:
'o circo esta na cidade
com seres fenomenais!'

e eu gosto tanto de circo,
que logo pensei: 'que sarro!'
mas o cartaz também avisava
que o show era um tanto bizarro...
diziam que antes do fim,
medrosos 'puxavam o carro'.

não me intimidei com o aviso
pois cabra sem medo eu sou.
'se for até uns três contos,
hoje mesmo lá eu vou.'
peguei o cartaz e sai
procurando o freakshow.

eu andei por mais de hora
sem ver uma alma penada.
foi quando, como milagre,
surgiu na curva da estrada
o circo com sua lona
totalmente iluminada.

cheguei na bilheteria
e perguntei: 'quanto é?'
o bilheteiro respondeu:
'paga o quanto que quiser.'
o cabra era metade homem
e a outra metade mulher.

dei então quinze centavos
e lembrei das casas bahia.
ele(?) me deu a entrada
me olhando com antipatia.
eu dei um tchauzinho pr´aquilo
sorrindo com muita ironia.

no corredor da entrada
eu fiquei impressionado
com um homem que estava
em um canto acocorado.
ele media dois metros!
assim mesmo, agachado.

localizar a poltrona 
não foi grade desafio.
dava pra ver a meia-luz
que o lugar tava vazio.
mas quando tudo clariô,
senti um grande arrepio.

no meio do picadeiro
tinha um monte de esquisito.
um homem igual caveira,
um com cara de cabrito,
um outro com quatro braço...
eu quase que solto um grito!

era uma cena dantesca.
tinha bem uns trinta e três.
palavra que descreva aquilo
não existe em português.
pensei que tinha morrido,
e tinha descido de vez...

um anão se destacou
no meio daquele escarcéu,
estendeu a mão e falou:
'prazer. meu nome é miguel."
meu queixo foi no joelho
e pensei: 'meu deus do céu!'

pro circo ele foi vendido
por um tio que tanto gostava.
perguntei se era estudado.
respondeu: 'eu fiz a oitava.
e veja como estou agora:
com os malucos, comendo fava...

e se você esta aqui,
maluco você também é!
venha! se junte a nós!
você pode ser o pajé...'
eu pensei com meus botão:
'vou mesmo é dá no pé!'

mas todo mundo bem sabe
que eu também sou esquisito.
e eu logo me afeiçoei
ao pequeno miguelito.
e disse assim pra ele:
'vamu prum circo bunito!'

olhei para o naniquinho
e falei assim: 'ô miguel;
cê sabe fazer o que?'
'eu sei bem ler um cordel'
peguei o bichinho no colo
e corri que nem um corcel.

hoje vocês podem ver
lá mesmo na cooperifa,
esse monstro abençoado
sem nem me pagar tarifa.
e quem falar mal do miguel
prometo que meto a bifa.

e foi assim que apareceu
essa estranha criatura
que sempre vem nos trazer
graça, simpatia e cultura.
narrou o poeta fuleiro
mais uma louca aventura.



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