sexta-feira, 27 de maio de 2011










 
trago em mim um amor
que aconteceu e virou meu.
 
ele é egoísta e só.
ele é rico de dar dó.
ele é desconfiança.
mal criado igual criança
que chora sem sucrilhos.
 
vive de brilhos passados
em um quarto iluminado
a sete velas.
esse amor sempre se esconde
aonde eu sei.
esse amor mora sozinho
numa casa imensa
e vazia.
esse amor nunca viu a luz do dia.
 
ele é único. ele é lírico.
ele é telúrico e sínico.
ele é a cobra
comendo o rabo.
ele começa
aonde eu me acabo.
 
ele é o vinho na mochila
que chia por não ser tomado.
esse amor receia
 ser derramado
entre cacos.
 
esse amor é antigo
e tem um olho opaco
que só enxerga de perto.
esse meu amor é deserto
e, de certo, assim ele há de ser.
 
ele segue resignado
e inflamado,
ciente do combinado:
a dona dele
não o pode receber...




4 comentários:

  1. "O Amor. Ah! O Amor! Eu quero porque quero da vida! (Oswald de Andrade)
    Como você escreve bem, Algusto!

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  2. já dizia o poeta: o que pode uma criatura entre outras criaturas se não amar?
    valeu rosa!
    venha sempre.
    bjus.

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  3. "mal criado igual criança
    que chora sem sucrilhos."

    Eita amor manhento!

    Abração

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muito obrigado por comentar neste blog. só não esqueça que a trema caiu e que berinjela é com J! não leve a mal. estou avisando para que você não passe vergonha na frente dos outros comentaristas.