CEMITÉRIO DE ILUSÃO
quase em frente da minha casa
eu criei um cemitério.
é sério.
ali tem um muro e um portão
onde atrás tudo é baldio.
uma casa que explodiu.
por de trás de um azulejo
que vejo onde era a cozinha
dorme um desejo em mudez
que tive por uma loirinha
que foi minha
só uma vez.
enterrada no alicerce
onde antes era o quarto,
permanece uma luxuria
folgada em farto caixão.
foi forte aquela paixão
e virou fúria rompedeira.
ela era costureira...
naquele canto bizarro
de cano, pia e privada,
em tudo está em enterrada,
mais uma das minhas mancadas.
ali ficou uma ai
que loucamente eu quis.
e achando eu ser feliz,
fiz verso, festa e namorada.
só que essa era casada.
ali onde era a sala
assola uma sombra vaga
que ainda não foi enterrada.
pairando grave no ar
ela busca escapar
pra outro corpo tomar.
começo onde tudo se acaba;
eu falo da mulher-diaba.
são alguns poucos
que eu distingo.
é tanto grito louco,
tanto xingo e barulho
que sai de baixo do entulho
e das marias sem vergonha.
é ali o meu cemitério particular.
o deixo bem perto do meu lar
pra poder olhar da janela
o muro e o portão
d´onde atras deles jaz
a minha morta ilusão.
a velha e boa forma em riste! evoé, camarada!
ResponderExcluirsalvê róbinho!
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