trago em mim um amor
que aconteceu e virou meu.
ele é egoísta e só.
ele é rico de dar dó.
ele é desconfiança.
mal criado igual criança
que chora sem sucrilhos.
vive de brilhos passados
em um quarto iluminado
a sete velas.
esse amor sempre se esconde
aonde eu sei.
esse amor mora sozinho
numa casa imensa
e vazia.
esse amor nunca viu a luz do dia.
ele é único. ele é lírico.
ele é telúrico e sínico.
ele é a cobra
comendo o rabo.
ele começa
aonde eu me acabo.
ele é o vinho na mochila
que chia por não ser tomado.
esse amor receia
ser derramado
entre cacos.
esse amor é antigo
e tem um olho opaco
que só enxerga de perto.
esse meu amor é deserto
e, de certo, assim ele há de ser.
ele segue resignado
e inflamado,
ciente do combinado:
a dona dele
não o pode receber...
"O Amor. Ah! O Amor! Eu quero porque quero da vida! (Oswald de Andrade)
ResponderExcluirComo você escreve bem, Algusto!
Digo, Augusto...
ResponderExcluirjá dizia o poeta: o que pode uma criatura entre outras criaturas se não amar?
ResponderExcluirvaleu rosa!
venha sempre.
bjus.
"mal criado igual criança
ResponderExcluirque chora sem sucrilhos."
Eita amor manhento!
Abração